domingo, 25 de março de 2012


Tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências. Tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa, me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo. Um amor susto. um amor raio trovão fazendo barulho. me bagunça. e chove em mim todos os dias. 

Caio Fernando Abreu

 


Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e, pois não ficava. Completo, partiu.

Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 21 de março de 2012



 

"Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir ,que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem..."


Caio Fernando Abreu




Parei, respirei e voltei a te amar."Matheus F. 


...sempre foram de ternura nossos encontros.

Caio Fernando Abreu
É muito romântico dormir fazendo carinho .... no celular 


Era coração, aquele escondido pedaço de ser onde fica guardado o que se sente e o que se pensa sobre as pessoas das quais se gosta? Devia ser.

Caio Fernando Abreu
_Podia ser tudo perfeito, mas algo sempre estraga. 

"Se meus olhos fossem câmeras cinematográficas eu não veria chuvas nem estrelas nem lua, teria que construir chuvas, inventar luas, arquitetar estrelas. Mas meus olhos são feitos de retinas, não de lentes, e neles cabem todas as chuvas estrelas lua que vejo todos os dias todas as noites."

Caio Fernando Abreu



 


"Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada"

Caio Fernando Abreu

"Por favor, não me empurre de volta ao sem volta de mim, há muito tempo estava acostumado a apenas consumir pessoas como se consomem cigarros, a gente fuma, esmaga a ponta no cinzeiro, depois vira na privada, puxa a descarga, pronto, acabou. Desculpe mas foi só mais um engano? E quantos ainda restam na palma da minha mão? Ah, me socorre que hoje não quero fechar a porta com essa fome na boca." 


Caio Fernando Abreu


 



Então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida, que nada devo esperar além dessa máscara colorida, que me queres assim porque é assim que és..."

"Dane-se. Comigo sempre foi tudo ao contrário."

Caio Fernando Abreu 

sábado, 17 de março de 2012



Eu quero guardar teu beijo
Na concha das mãos
Teu cheiro eu levo feito mancha na roupa
Que eu não lavo não...


Sou alvo pros teus olhos claros parecidos
Com essa estação
E adoro os efeitos sonoros de quando você sussura
Absurdos no ouvido do meu coração ...


Se eu corro
Eu corro demais so pra te ver meu bem
É que eu quero um socorro
Se eu corro ...


Se Eu Corro - A Banda Mais Bonita da Cidade




Nunca, diga não pra mim
Eu não vou poder trabalhar, conversar, descansar sem o teu sim
Seja sempre assim
Por favor me dê um sinal
Um cartão postal, um aval dizendo assim ...



'Não, não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim
Entre o não e o sim, só me deixe quando
o lado bom for menor do que o ruim' ...



Nunca se esconda assim
Eu não vou saber te falar, te explicar que
Eu também me assusto muito
Você nunca vê que eu sou só um menino destes tais
Que pensam demais
Logo mais, vou correr atrás de ti. 


'Não, não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim
Entre o não e o sim, só me deixe quando
O lado bom for menor do que o ruim' 

Nunca - A Banda Mais Bonita da Cidade

quinta-feira, 15 de março de 2012


 

Hoje é um daqueles dias que sinto em meu coração uma liberdade aprisionada. Sinto um ímpeto de pássaro na gaiola, cuja porta sempre esteve aberta. Pés na porta e olhos para dentro. Olho e fico com uma vaga vontade de girar, girar e girar, até ficar tonto e cair no chão extasiado, como eu fazia quando menino. Em cada giro um sonho perdido. 

Dal Hofmann

quarta-feira, 14 de março de 2012


"Até que você apareceu, iluminando minha vida, tal como um prisma atravessado por um raio de sol."

(Eleanor H. Porter em: Poliana)


"Preciso voltar e olhar de novo aqueles dois quartos vazios."

(Ana Cristina Cesar em: A teus pés) 




"No entanto, do fundo do coração te agradeço o desespero que me causas, e detesto a tranqüilidade em que vivi antes de te conhecer."

(Sóror Mariana Alcoforado: Cartas Portuguesas)






sexta-feira, 9 de março de 2012


Por trás da palma da mão contra o peito, por trás do pano da camisa entre massas de carne entremeadas de músculos, nervos, gorduras, veias, ossos, o coração batia disparado. Você vai me abandonar – repetiu sem som, a boca movendo-se muito perto do fone – e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê.

 — Caio Fernando Abreu.


Ficou de pé ao lado dele. Mas era como se não o conhecesse mais. 

— Caio Fernando Abreu.

De onde vem essa iluminação que chamam de amor , e logo depois se contorce, se enleia, se turva toda e ofusca e apaga e acende feito um fio de contato defeituoso, sem nunca voltar àquela primeira iluminação? 

— Caio Fernando Abreu.

Mas não se pode agir assim […] Uma pessoa não é um doce que você enjoa, empurra o prato, não quero mais. 

— Caio Fernando Abreu.

Foi então que ele sentou perto de mim. As mãos sustentavam a cabeça. A posição devia ser incômoda, o corpo apoiado em meio sobre o assoalho, a cabeça no ar, os pés no ar. Eu tremia? Não. Sentia minhas próprias unhas furando as palmas das mãos, mas meu corpo estava seguro, em riste. O primeiro toque foi dele. As mãos comprimiram minhas pernas. Depois, uma das mãos libertou-se avançando em forma de ternura. Nos seus cabelos, as minhas mãos iam e vinham, adivinhando a tessitura. Era noite, ainda. O ritual já fora cumprido. Puxou-me para si, os nossos corpos opostos no assoalho, duas lanças apontando uma para a outra. E de repente nos ferimos. Com a boca. Senti seus lábios nos meus, os dentes se chocando, as mãos que seguravam meu rosto, investigavam meus traços, eu nascia por dentro, quase gritava, tentávamos desvendar um ao outro, mas não íamos além da tentativa, que já se fazia angústia em suas mãos como espinhos, subindo por meu corpo inteiro, busca tensa. Não, não era amor, não foi amor. Tudo explodia num plano muito mais alto, muito mais intenso. Nos desvendávamos com a fúria dos que antecipadamente sabem que não vão conseguir jamais. 

— Caio Fernando Abreu.

quinta-feira, 8 de março de 2012



Não me sonhe, por favor. Pessoas que acham que podem me amar me ofendem. É sempre muito pouco o que elas podem e é sempre muito diferente do que deveria ser amor o que elas oferecem.

Eu custo a suportar a banalidade do meu ser. Eu custo a aceitar uma relação como a que qualquer um poderia ter. Eu seria mais feliz se eu não me achasse melhor do que a minha vizinha. Mas eu sou infinitamente melhor que ela. (...)

Sou imatura, egocêntrica e debilmente iludida por uma auto-estima analgésica de efeito rebote. E dane-se. Um dia o meu amor verdadeiro chegará e será diferente de tudo isso e nós vamos chorar de emoção por ter valido a pena não sangrar até a morte nos insistentes e rotineiros momentos de angústia e nada e vazio e solidão e inconformismo.

Tati Bernardi



Não deu tempo de virar mulher. A hora que ele aparecer no desembarque do aeroporto, com sua cara de homem, com sua voz de homem, eu vou ter vontade de pedir que ele volte de onde veio e espere mais cem anos. Porque não deu tempo de eu virar mulher. Eu vou ter vontade de pedir que ele me carregue no colo até a casa da minha mãe e me entregue pra ela. Eu queria tomar sopa na casa da minha mãe. Eu lembrei agora que minha mãe me dava Sustagem quando eu ficava assim, tão assustadoramente encantada pelo mistério das coisas. E ela temia que eu desintegrasse. E agora? Como faz quando se é adulta? Qual é a sustagem de agora para que eu não desintegre? Como é que se ama com um corpo de trinta e três anos se por dentro eu tenho cinco anos e estou tremendo, apavorada, pressentindo o estrago que as coisas de verdade podem causar. Por que eu chamo de estrago quando sei que, na verdade, estrago é o que as coisas que não são de verdade causam. Eu tenho tamanho pra suportar o tamanho das coisas de verdade?

Escrevo isso e choro. Porque quero tanto e não quero tanto. Porque se acabar morro. Porque se não acabar morro.

(...)

Tati Bernardi



Mesmo assim, eu não esquecia dele.
Em parte porque seria impossível esquecê-lo, em parte também, principalmente, porque não desejava isso.
É verdade, eu o amava. Não com esse amor de carne, de querer tocá-lo e possuí-lo e saber coisas de dentro dele. Era um amor diferente, quase assim feito uma segurança de sabê-lo sempre ali.

Caio Fernando Abreu






sábado, 3 de março de 2012




"Ele estava apaixonado por ela. Perdidamente. O problema - um dos problemas, porque havia outros, bem mais graves - o problema inicial, pelo menos, é que era cedo demais."

Caio Fernando de Abreu

quinta-feira, 1 de março de 2012



“Gostoso mesmo é quando tudo acontece por acaso. Sem data, sem horário, apenas coincidências, ou então destino.”

Jô Soares




Talvez eu seja apenas mais um talvez... tentando ser certeza. Tentando ser para sempre, e parando sempre pela metade.

Caio Fernando de Abreu



''Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio:
Tudo é provisório, inclusive nós.''

(Caio Fernando Abreu)



Não tão exagerada, mas sim, jogada aos teus pés!!!

Clarissa Guerra Medeiros


Eu prefiro viver com a incerteza de poder ter dado certo
que com a certeza de ter acabado em dor. 
Talvez loucura, medo, eu diria covardia, loucura quem sabe!

Caio Fernando Abreu



‎" A vida pode ser dura com a gente... Nos jogar às paredes. Nos vender ilusões. Nos roubar alguns sonhos. Por mais que ela nos moa, lembre-se: É no chão, onde tudo floresce. Hoje, você é pó .Amanhã, flor. "


Bruno de Paula