sábado, 27 de agosto de 2011








Este é um tempo de silêncio. Tocam-te apenas. E no gesto 

te empobrecem de afeto. No gesto te consomem. 

Tocaram-te, nas tarde, assim como tocaste, 
adolescente, a superfície parada de umas águas? 

Tens ainda nas mãos a pequena raiz, 
A fibra delicada que a si se construía em solidão? 

Hilda Hilst



(...)Tenho febre, repetiu sem voz. Passou novamente a mão pela testa, sentiu-a estranha. Quente, seca, fria, úmida. Havia inúmeras gotinhas sobre ela, gotinhas minúsculas que sua mão ia destruindo aos poucos. Levou a ponta dos dedos até os lábios. Sentiu um gosto salgado. De suor, lágrima, medo. 

(...)Sacudiu a cabeça, as gotas rolavam pelo rosto sem que ele soubesse se seriam de suor ou de lágrimas.

(...)Pois se sentisse medo, pensou vagamente, não poderia contar sequer consigo próprio. E eu só tenho a mim, eu só tenho a mim, repetiu, voltando a cair sobre a cama. Não posso sentir medo, não devo sentir medo, não quero sentir medo. 


Caio Fernando Abreu - Limite Branco



Com suas bocas abertas, as paredes engoliam os sons. 

Caio Fenando Abreu - Limite Branco



Mas o silêncio era espesso como uma porta de ferro, nada o transpunha. 

Caio Fernando Abreu

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