Este é um tempo de silêncio. Tocam-te apenas. E no gesto
te empobrecem de afeto. No gesto te consomem.
Tocaram-te, nas tarde, assim como tocaste,
adolescente, a superfície parada de umas águas?
Tens ainda nas mãos a pequena raiz,
A fibra delicada que a si se construía em solidão?
Hilda Hilst
(...)Tenho febre, repetiu sem voz. Passou novamente a mão pela testa, sentiu-a estranha. Quente, seca, fria, úmida. Havia inúmeras gotinhas sobre ela, gotinhas minúsculas que sua mão ia destruindo aos poucos. Levou a ponta dos dedos até os lábios. Sentiu um gosto salgado. De suor, lágrima, medo.
(...)Sacudiu a cabeça, as gotas rolavam pelo rosto sem que ele soubesse se seriam de suor ou de lágrimas.
(...)Pois se sentisse medo, pensou vagamente, não poderia contar sequer consigo próprio. E eu só tenho a mim, eu só tenho a mim, repetiu, voltando a cair sobre a cama. Não posso sentir medo, não devo sentir medo, não quero sentir medo.
Caio Fernando Abreu - Limite Branco
Com suas bocas abertas, as paredes engoliam os sons.
Caio Fenando Abreu - Limite Branco
Mas o silêncio era espesso como uma porta de ferro, nada o transpunha.
Caio Fernando Abreu
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