sábado, 27 de agosto de 2011




— Porque me dá vontade de ser bom, de ser como eu sou de manhã, quando não tenho raiva de ninguém. Acho que se eu olhasse um pouquinho para ele todos os dias, acabava ficando bom. 


— Um dia tu vais compreender que não existe nenhuma pessoa completamente má, nenhuma pessoa completamente boa. Tu vais ver que todos nós somos apenas humanos. E sofrerás muito quando resolveres dizer só aquilo que pensas e fazer só aquilo que gostas. 



— E o que é que eu posso fazer para não ser como os outros? 
— Não querer ser — disse Eduardo. — Não querer nunca ser. Não deixar que pensem por ti. Que te ponham rédeas como se fosses um cavalo.


Passou a ponta do dedo na palma da mão que ainda retinha o calor. Sorriu. E sentiu de repente que alguma coisa começava a nascer dentro dele. 

Caio Fernando Abreu - Limite Branco




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